Sharm el-Sheikh, Egipto, 21 de fevereiro de 2016- Sua Alteza o Aga Khan louvou hoje a resiliência de África, o seu progresso económico e a sua nova determinação em aceitar a diversidade.
"Aquilo que vejo hoje a emergir é uma confiança renovada e equilibrada em África - um espírito que se motiva nos progressos do passado, ao mesmo tempo que busca novas respostas para novos desafios", disse.
O Imam (Líder Espiritual) dos muçulmanos shias ismailis fez estas declarações no seu discurso durante a conferência “África 2016: Negócios para África, Egipto e o Mundo” em Sharm el-Sheikh, Egipto, organizada pelo presidente do Egipto, Sua Excelência Abdel Fattah el Sisi.
O Aga Khan observou o espírito claramente otimista em relação ao futuro económico de África que emanou dos discursos dos líderes africanos que participaram na conferência. “Hoje, o meu entusiasmo é especialmente forte por causa da mensagem que está no coração deste Fórum. E essa mensagem é, simplesmente, que o momento de África chegou”, declarou.
Embora advertindo que África enfrenta ainda desafios tremendos, incluindo altos níveis de desemprego entre os jovens do continente, o Aga Khan disse que o continente fez progressos significativos em várias áreas fundamentais.
“A história do progresso e do potencial de África é também impressionante - seja se falarmos do crescimento do PIB e do investimento estrangeiro direto, se olharmos para a diversificação económica e a resiliência nacional, se traçarmos a ascensão de uma classe média vital - e a expansão das despesas dos consumidores - chegando atualmente à marca agora rompendo a marca do bilião de dólares", disse o Aga Khan.
Ele salientou que a experiência da Rede Aga Khan de Desenvolvimento, que está ativa em 13 países africanos e trabalha numa variedade de sectores que vão da saúde à educação, cultura e desenvolvimento económico, apoia o quadro de otimismo.
Observou igualmente que a fragmentação tem sido uma das principais fraquezas do continente. “O problema da fragmentação tem afligido repetidamente África, separando tribos de tribos, países de países, o sector privado do sector público - aqueles que têm o poder político daqueles que estão na oposição”, explicou.
E, no entanto, o Aga Khan constatou que África mostrou uma nova determinação em abraçar a diversidade e enfatizou a importância da sociedade civil na criação de um ambiente propício ao progresso.
“Em suma, acredito que o progresso social exigirá contribuições de qualidade de todos os três sectores - público, privado e Sociedade Civil. O progresso sustentável basear-se-á num banco de três pernas ”, afirmou, defendendo que “a cooperação através das linhas tradicionais de divisão não significa apagar as nossas identidades orgulhosas e independentes. Mas significa encontrarmos identidades adicionais e enriquecedoras enquanto membros de comunidades maiores - e, finalmente, enquanto pessoas que partilham uma humanidade comum. Significa comprometermo-nos com uma Ética de Pluralismo."
Com base nesta ideia, o Aga Khan destacou a necessidade de instituições fortes da Sociedade Civil na busca pelo desenvolvimento em África, observando que a Sociedade Civil tem sido frequentemente subvalorizada, marginalizada ou mesmo descartada.
“Concentro-me na Sociedade Civil porque acho que o seu potencial é muitas vezes subestimado quando nos vemos absortos em debates acerca dos programas mais eficazes dos governos e outros, ou sobre as estratégias de negócios mais bem-sucedidas. Mas, na verdade, muitas vezes é a qualidade do terceiro sector, a Sociedade Civil, que faz a diferença. Este não só complementa o trabalho dos sectores privado e público, como muitas vezes ajuda a completar esse trabalho ”, disse o Aga Khan.
Ele elogiou o papel positivo que a Sociedade Civil desempenhou nas principais confluências na história recente de África. “A influência da Sociedade Civil também foi sentida em momentos cruciais da história recente do continente, como por exemplo: na formação dos Acordos de Arusha que acabaram recentemente com 12 anos de guerra civil no Burundi, na resolução pacífica dos violentos confrontos no Quénia após as eleições de 2007, na elaboração de uma nova e promissora Constituição tunisiana, e na corajosa resposta à crise do ébola ”, disse.
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NOTAS
Sua Alteza o Príncipe Karim Aga Khan, o fundador e presidente da AKDN, é o 49.° Imam hereditário (Líder Espiritual) dos muçulmanos xiitas ismailis. De acordo com a tradição ética do Islão, os líderes religiosos não interpretam apenas a fé como têm também a responsabilidade de ajudar a melhorar a qualidade de vida da sua comunidade e das sociedades em que vivem. Para Sua Alteza o Aga Khan, isto levou a um profundo envolvimento com o desenvolvimento ao longo de mais de 60 anos, através das agências da Rede Aga Khan de Desenvolvimento.
Fundada por Sua Alteza o Aga Khan, a Rede Aga Khan de Desenvolvimento(AKDN) é um grupo de agências privadas internacionais não-confessionais que trabalham para melhorar as condições de vida e as oportunidades de pessoas a viver em regiões específicas do mundo em desenvolvimento. As organizações da Rede têm mandatos individuais que vão desde os cuidados de saúde (através de mais de 200 unidades de saúde incluindo 13 hospitais) e de educação (com mais de 200 escolas) até à arquitetura, desenvolvimento rural, ambiente construído e promoção de empresas do sector privado. Em conjunto, trabalham em prol de um objetivo comum - construir instituições e programas que possam responder aos desafios de mudança social, económica e cultural de forma continuada. A AKDN trabalha em 30 países de todo o mundo, empregando aproximadamente 80 000 pessoas, a maioria das quais vive em países em desenvolvimento. O orçamento anual da AKDN para atividades de desenvolvimento sem fins lucrativos é de aproximadamente 625 milhões de dólares. As agências da AKDN levam a cabo os seus programas sem ter em conta religião, origem ou género.
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