Os objetivos principais da Agência Aga Khan para o Microfinanciamento (AKAM) são reduzir a pobreza, diminuir a vulnerabilidade dos mais carenciados e minimizar a exclusão económica e social.
Oferecer aos clientes acesso a financiamento imobiliário para melhorar a qualidade e a segurança da sua habitação é uma prioridade fundamental de desenvolvimento para a AKAM e as suas afiliadas. Nas comunidades carenciadas e de baixos rendimentos que a AKAM tem como alvo, as habitações são geralmente de baixa qualidade e sobrelotada com saneamento, isolamento e ventilação deficientes.
Muitas destas áreas apresentam uma grande vulnerabilidade a desastres naturais ou encontram-se em zonas de conflito que expõem as habitações a mais riscos e perigos. Muitas instituições da AKAM concedem empréstimos para a remodelação e renovação de residências, permitindo que famílias pobres restaurem e modernizem as suas casas, contribuindo para uma melhoria significativa na sua qualidade de vida.
No Afeganistão, First MicroFinance Bank Afghanistan (FMFB-A) introduziu os empréstimos para melhoria de habitações em 2008. Com o apoio da IFC, o FMFB-A desenvolveu uma Ferramenta de Microfinanciamento Imobiliário que é agora usada como referência em toda a região. Em 2009, com o apoio inicial da USAID e em colaboração com os Serviços de Planeamento e Construção da Aga Khan, Paquistão (AKPBSP), o FMFB-A introduziu serviços gratuitos de consultoria em construção de braço dado com empréstimos imobiliários que promovem a construção de melhor qualidade, incluindo readaptação sísmica, eficiência energética, saneamento e ventilação adequados. Com o apoio técnico do AKPBSP, o FMFB-A desenvolveu diretrizes para a construção e adaptação de edifícios não-projetados. A FMFB-A contratou Técnicos Principais para providenciar serviços de consultoria em construção com base nessas diretrizes, tendo desenvolvido também um produto de habitação rural.
Em Julho de 2017, o FMFB-A tinha 8153 empréstimos para melhoria de habitações e um portefólio total de empréstimos para habitação de 8,9 milhões de dólares, representando 10% do seu portefólio total de empréstimos.
No Tajiquistão e no Quirguistão, as afiliadas da AKAM ofereceram microfinanciamento imobiliário há uma década. Hoje, têm cerca de 9000 clientes de crédito imobiliário, particularmente famílias rurais (mais de 60% dos seus clientes de crédito imobiliário) e mulheres (40% dos seus clientes de crédito imobiliário). Em 2017, com o apoio do Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW) e do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (EBRD), respetivamente, o First Microfinance Bank-Tajikistan e a First Microcredit Company-Kyrgyzstan introduziram empréstimos direcionados para melhorias em habitações com eficiência energética, em conjunto com orientação sobre as melhores práticas e soluções adequadas a cada contexto.
Em julho de 2017, as afiliadas da AKAM no Afeganistão, Egito, Quirguistão, Paquistão, Síria e Tajiquistão ofereciam financiamento habitacional com um portefólio total de 30 milhões de dólares, servindo 30 000 clientes - 30% dos quais são mulheres e 45% de áreas rurais.
Dado o fraco acesso a serviços financeiros entre os povos rurais carenciados e dada a importância da agricultura enquanto atividade fundamental para a subsistência, o financiamento agrícola é uma área-chave para a Agência Aga Khan para o Microfinanciamento (AKAM).
Em locais onde existam agências irmãs, as entidades da AKAM colaboram para ajudar a aumentar o rendimento dos agricultores. Na República do Quirguistão, 48 por cento das pessoas trabalham no setor agrícola, o que corresponde a quase 18% do produto interno bruto. A colheita das principais culturas, como trigo, beterraba sacarina, batata, algodão, tabaco, vegetais e fruta, assim como a criação de gado, são o principal negócio do país. A FMCC é o maior operador de microfinanciamento na região sul da República do Quirguistão. Trabalha em províncias que têm algumas das maiores taxas de pobreza.
À luz do princípio da FMCC em servir os mais carenciados, esta mantém um forte foco rural e agrícola, com os empréstimos agrícolas e pecuários a representar metade dos pagamentos em número em 2016. Os produtos agrícolas da República do Quirguistão incluem algodão, vegetais e frutas. No que diz respeito à produção total, a maior colheita é a de vários tipos de forragem para alimentar o gado. A segunda maior colheita é a de trigo no inverno, seguida de cevada, milho e arroz. A criação de animais é o principal contributo económico nas regiões montanhosas e, assim, os produtos mais populares para venda são as ovelhas, cabras, gado e lã, assim como as galinhas, cavalos, porcos e, em algumas áreas, os iaques. Isso significa que nem todos os clientes serão igualmente afetados pelas condições climáticas ou por surtos de doenças.
Em Madagáscar, a PAMF planeia expandir o seu alcance nas áreas rurais, onde a taxa de penetração do microfinanciamento é extremamente baixa - atualmente à volta de 3,5% - e onde a pobreza é elevada. Consequentemente, 61% dos seus empréstimos são em áreas rurais. Embora a agricultura seja um dos pilares da economia, empregando 80% da população, o acesso ao financiamento agrícola é baixo, particularmente entre as áreas de atuação da PAMF-Mada em Sofia e Itasy. O foco da expansão rural inicial da PAMF-Mada tem sido nos pequenos empréstimos agrícolas - em 2016, 24% do número de pagamentos de empréstimos foram para a agricultura.
A PAMF Madagáscar também colabora com a AKF na concessão de empréstimos a produtores de arroz organizados e formados pela Fundação Aga Khan (AKF) nas melhores práticas de cultivo. Para continuar a apoiar seu mercado-alvo, a PAMF Madagáscar espera que os pequenos empréstimos agrícolas continuem a ser uma parte importante da sua atividade de empréstimos.
Embora o microfinanciamento possa ajudar a reduzir a pobreza através de empréstimos e de produtividade, as micropoupanças podem ajudar a proteger as famílias daquilo que muitas vezes não é apenas um rendimento mais baixo, mas também imprevisível.
Nas áreas rurais e remotas, onde os serviços financeiros não estão disponíveis, muitas pessoas poupam, mas não em instituições formais. Em vez disso, compram gado ou ouro extra ou põem o dinheiro debaixo de um colchão e esperam que ele não seja roubado. Para eles, não há sítio para guardar dinheiro com segurança. Como resposta, a Agência Aga Khan para o Microfinanciamento (AKAM) está a transformar todas as suas entidades para se tornarem depositantes, se os regulamentos o permitirem, de modo a ajudar os seus clientes a ter acesso a poupanças formais, seguras e remuneradas.
Algumas instituições, como o First MicroFinanceBank Ltd. Pakistan (FMFB-P), trabalham em áreas rurais e remotas porque parte da sua missão é tornar a poupança acessível a todos, para que possam construir os seus ativos e economizar para os momentos que considerarem importantes na vida, seja para a educação de um filho, um casamento na família ou despesas médicas para o nascimento de uma criança. Em 2016, o número de novas contas de depósito no FMFB-P aumentou em mais de 50%, para um total de 458 210 contas. De todos os depositantes do FMFB-P, mais de 95% são aforradores individuais e têm uma poupança média de menos de 180 dólares. Toda a carteira de empréstimos do FMFB-P é financiada por depósitos e por capital próprio.
O Tajiquistão tem um dos produtos internos brutos per capita mais baixos entre as 15 antigas repúblicas soviéticas e quase dois terços da população continua a viver na pobreza. Nos últimos anos, a economia tornou-se fortemente dependente das remessas de emigrantes. Mais de 43% do PIB do Tajiquistão é constituído por remessas.
O emigrante tajique médio é um homem de 32 anos, que tem três dependentes, passando 14 meses de cada vez (ciclicamente) na Rússia e remetendo uma média de 2000-2500 dólares por ano (150-200 dólares por mês). As remessas são geralmente sazonais e atingem o pico entre Setembro e Dezembro de cada ano, na altura em que os emigrantes voltam para casa após a conclusão de um contrato. Os destinatários das remessas são, na maioria das vezes, mulheres que ficam a cuidar da família.
Nos últimos anos, o FMFB-T tem trabalhado no aumento do número de pontos de acesso para operações bancárias, de modo a que muitas comunidades possam ter acesso a remessas perto das suas casas. Em 2009, o Banco Nacional do Tajiquistão concedeu ao FMFB-T o direito de realizar atividades de transferência de dinheiro nos seus centros de serviços bancários uma vez que os recetores de remessas estão mais inclinados a recebê-las através de bancos ou operadores que estejam próximos de onde residem.
O banco também está a publicitar os seus serviços de remessas para que possa começar a construir uma presença visível no Tajiquistão. Na Rússia, o FMFB-T tem implementado uma maior presença para atrair negócios de remessas e promover os serviços do banco. A implementação de uma presença mais forte na Rússia permite que o banco se envolva mais com as comunidades de emigrantes, construindo relações que podem ser fortalecidas ainda mais pelos oficiais de remessas no Tajiquistão. O FMFB-T oferece vários produtos relacionados com remessas, incluindo um produto de poupança relacionado com as remessas, de modo a ajudar os seus clientes a aumentar o volume de remessas que entram na construção de ativos, em oposição ao nivelamento de resultados.
As pequenas e médias empresas (PME) são frequentemente chamadas de "meio ausente" nas economias dos países em desenvolvimento. A atividade das PME está no centro do crescimento, apoiando empregos, criando novos postos de trabalho e ajudando no desenvolvimento e apoio da produção local.
Isto é particularmente importante, pois nem toda a gente quer gerir o seu próprio negócio. Para além disso, o elemento de criação de emprego das PME pode permitir que muitas pessoas carenciadas se sintam mais seguras, sabendo que têm um emprego estável para onde ir todos os dias.
O papel das instituições da AKAM na prestação do financiamento para as PME é parte da estratégia mais vasta da AKDN para o desenvolvimento económico nos países onde opera. O financiamento das PME destina-se a contribuir para uma prestação uniforme dos serviços financeiros, desde poupanças comunitárias informais e grupos de empréstimos, passando pelo microcrédito formal e empréstimos a PME, até ao financiamento comercial. À medida que os clientes de microfinanciamento procuram desenvolver os seus negócios, normalmente vão para além do microfinanciamento e teriam assim a opção de se tornarem clientes de PME, de modo a que possam continuar a expandir os negócios. O financiamento das PME deve apoiar uma maior capacidade de produção local e criação de empregos e encorajar a proteção ambiental.
Apesar da sua importância para o crescimento económico e o emprego, muitas PME acham extremamente difícil o acesso a serviços financeiros, especificamente conseguir empréstimos que atendam às suas necessidades. As instituições de microfinanciamento geralmente limitam o valor dos empréstimos que oferecem e têm condições de pagamento rígidas inadequadas para as atividades de negócio das PME (como a falta de períodos de carência para investimentos em ativos fixos e empréstimos limitados a prazos curtos - normalmente 12 meses). No entanto, muitas PME ainda são demasiado pequenas, ou têm um histórico insuficiente no que a garantias ou crédito diz respeito, para conseguirem empréstimos da parte de bancos tradicionais em países em desenvolvimento. Ficam presos num fosso entre a crescente oferta de financiamento para microempreendedores e o mercado de financiamento empresarial convencional.
O investimento necessário para estas empresas é normalmente maior do que o típico empréstimo de microfinanciamento. Estes são empréstimos com um perfil de risco por mutuário mais elevado do que os empréstimos de microfinanciamento típicos, e precisam de uma avaliação financeira mais especializada e intensiva para determinar a capacidade de pagamento e minimizar os riscos de incumprimento em caso de dificuldades no negócio. As SME observam onde terminam os empréstimos de microfinanciamento e preenchem essa lacuna entre os bancos de microfinanciamento e tradicionais. As PME podem ser uma empresa de propriedade exclusiva, familiar, em parceria ou incorporada.
Uma das razões pelas quais as PME são bem-sucedidas no First MicroFinanceBank Afghanistan (FMFB-A) é o grande número de clientes de microfinanciamento de sucesso, cujos negócios crescem devido aos empréstimos de microfinanciamento do banco, estando a tornar-se empreendedores eficientes, à medida que se qualificam para empréstimos de PME. Estas condições reduziram o risco geral associado à concessão de empréstimos numa escala monetária mais alta. Atualmente, cerca de 60% dos clientes de PME no Afeganistão são ex-clientes de microfinanciamento.
A função de PME também desenvolve um relacionamento duradouro com os seus clientes. A relação do gestor de crédito a PME com o cliente assenta no profissionalismo e na confiança mútua. Em última análise, a instituição financeira pretende crescer com os seus clientes.
O FMFB-A estabeleceu uma função de SME em 2005. Hoje, os empréstimos a PME estão a ser oferecidos a clientes de 18 filiais em todo o país. O portefólio ativo atual é de 760 mutuários ativos de PME, com uma carteira de 14,4 milhões de dólares. Estes mutuários de PME garantem mais de 10 820 empregos a tempo inteiro e a tempo parcial.
As lições aprendidas com a experiência do FMFB-A estão a ser aplicadas a outras afiliadas da AKAM, à medida que estas se vão expandindo. Hoje, as afiliadas da AKAM no Tajiquistão, República do Quirguistão, Egito e Madagáscar oferecem financiamento a PME, servindo coletivamente cerca de 1266 PME nos quatro países.