O projeto incluiu a escavação e uma profunda restauração da muralha Aiúbida do século XII e a reabilitação de importantes monumentos e edifícios históricos na Cidade Histórica. Abrangeu um extenso programa de desenvolvimento social, incluindo acordos de estágios, reabilitação de habitações, opções de microcrédito e instalações de saúde. 

O projeto multidisciplinar apresentou uma série de questões técnicas complexas, incluindo solos altamente salinos e a incorporação no parque de três grandes reservatórios de água doce para a cidade do Cairo, cada um com 80 metros de diâmetro e 14 metros de profundidade. Os construtores tiveram de limpar 500 anos de entulho e detritos acumulados. A gigantesca escavação exigiu a movimentação de 1,5 milhões de metros cúbicos de entulho e terra, o equivalente a mais de 80 000 cargas de camião. Os desafios hortícolas também foram formidáveis. Após a criação de viveiros especializados para identificar e cultivar as melhores plantas e árvores para o solo, terreno e clima, foram semeados mais de dois milhões de plantas e árvores. Já foram plantadas mais de 655 000 no parque. Para libertar a muralha Aiúbida do século XII, que estava enterrada até às ameias, foi necessário escavar até uma profundidade de 15 metros. No final, apareceu em todo o seu esplendor uma secção da histórica muralha com 1,5 quilómetros, com várias torres e ameias quase intactas. 

No bairro humilde de Darb al-Ahmar, adjacente ao parque, foram criadas oportunidades de emprego e formação profissional em diferentes sectores, como calçado, mobiliário e produção de bens turísticos. Foram disponibilizados estágios em competências nas áreas da eletrónica automóvel, telemóveis, computadores, alvenaria, carpintaria e escritório. Os empréstimos de microcrédito permitiram que os moradores montassem pequenos negócios, como carpintarias e uma lavandaria. Centenas de jovens homens e mulheres de Darb Al Ahmar arranjaram trabalho no parque, na horticultura e em equipas do projeto de restauração da muralha Aiúbida. Foram restaurados três edifícios históricos, a Mesquita de Umm Sultan Shaban do século XIV, o complexo Khayrbek (que inclui um palácio do século XIII, uma mesquita e uma casa otomana) e a Escola Darb Shoughlan. Foi também restaurada uma série de outros monumentos. As habitações locais foram renovadas e devolvidas aos seus proprietários. Um plano de crédito habitacional auxiliou indivíduos particulares na reabilitação das suas casas. 

O projeto desejava testar a premissa de que existe uma alternativa às soluções tradicionais para o declínio dos bairros históricos. Estas geralmente envolviam o isolamento de monumentos com a retirada forçada das pessoas dos bairros limítrofes ou a aceitação de uma abordagem de não interferência que permitisse aos promotores comerciais definir as prioridades de cada bairro. Em qualquer dos casos, os moradores eram deslocados. Pelo contrário, a abordagem do Fundo Aga Khan para a Cultura tem sido estimular a reabilitação sem desalojar os moradores, em grande parte garantindo que eles tenham uma participação no futuro da sua comunidade - ajudando a criar negócios viáveis ​​através da disponibilização de microcrédito e auxiliando, por exemplo, os proprietários a restaurar as casas em ruínas. 

Como em todos os seus compromissos, a abordagem do Fundo tem sido trabalhar com os moradores locais no sentido de identificar prioridades e, em seguida, tomar as medidas práticas para responder a essas necessidades. As prioridades da comunidade, incluindo a restauração das casas, saúde, educação, eliminação de resíduos sólidos, formação profissional e emprego, estão agora a ser abordadas. A construção do parque e a restauração de monumentos culturais devem funcionar como catalisadores do desenvolvimento social e económico e de uma melhoria global na qualidade de vida no distrito. Ao mesmo tempo, o parque oferece uma nova vista privilegiada sobre os incontáveis ​​tesouros arquitetónicos do Cairo Histórico, que irão, sem dúvida, atrair turistas estrangeiros e habitantes do Cairo a uma área outrora negligenciada. 

Podem ser encontradas aqui mais publicações: 

• Sumário: o Parque Al-Azhar no Cairo e a Revitalização de Darb Al-Ahmar 

• Monografia: O Projeto do Parque Azhar no Cairo e a Conservação e Revitalização de Darb al-Ahmar: 

Estão disponíveis outros recursos em Archnet.org. 

Foram apenas os mais recentes projetos de restauração que abrangem outros edifícios emblemáticos, nomeadamente a Mesquita de Aslam (e a praça em frente), a Mesquita Azul e o mausoléu de Tarabay, assim como uma série de edifícios menores, incluindo escolas. A mesquita de Umm al Sultan Shabaan e o complexo Khayrebek - destinados à reutilização adaptativa - ficaram imediatamente em funcionamento, com uma clínica e uma escola temporária (enquanto a escola era renovada pelo Fundo Aga Khan para a Cultura). Depois de abertura ao público da mesquita de Umm al Sultan Shabaan, iniciou-se a restauração da mesquita de Aslam e o espaço público em redor. Também se iniciaram a escavação e restauração do mausoléu de Tarabay. O edifício da escola de Darb al-Shouglan - outrora uma ruína sem telhados ou chão - foi transformado num centro para atividades comunitárias e desenvolvimento da primeira infância. Também alberga os escritórios do Projeto, salas de reuniões e uma biblioteca. 

Foi concluído um plano de conservação para todos os 13 shiakhas do distrito - um passo importante na criação de um plano abrangente de desenvolvimento urbano para o distrito. O objetivo do plano é preservar o património urbano e identificar edifícios de relevância arquitetónica que estejam sob ameaça. Foram delineadas vinte e cinco áreas de ação, lançando as bases para um plano diretor com o objetivo de preservar os bens culturais do distrito e, ao mesmo tempo, encontrar formas de potenciar, num modo sustentável, esses ativos. 

Para mais informações, consulte a monografia 'O Projeto do Parque Azhar no Cairo e a Conservação e Revitalização de Darb al-Ahmar': 

Al-Darb Al-Ahmar, um dos bairros mais antigos e com maior densidade demográfica do Cairo, é o foco de um projeto de revitalização e reabilitação a longo prazo do Fundo Aga Khan para a Cultura, que também inclui o Parque Al-Azhar, uma área de 30 hectares criada a partir de uma lixeira com 500 anos no centro do Cairo. A escola também oferece aulas de inglês, informática e cursos culturais. Os estudantes têm oportunidade para representar obras recém-criadas no Teatro El Geneina, um anfiteatro ao ar livre construído no Parque Al-Azhar, assim como em outros locais no Cairo.