Em África, durante a época de escassez entre colheitas, a comida é escassa e as pessoas veem-se perante situações de fome crónica e pobreza extrema. Os efeitos, incluindo o baixo peso dos recém-nascidos, uma certa debilitação cognitiva, desnutrição e atraso no crescimento podem levar a um risco maior de doenças infeciosas e, em alguns casos, à morte.
Desde 2005, mais de 80 000 pequenos produtores de arroz apoiados pela Fundação Aga Khan (AKF) em Madagáscar aumentaram em três vezes os seus rendimentos, ajudando as suas famílias a sair da temporada de fome. Para além de providenciar suporte técnico e formação, a AKF trabalha para aumentar a produção de arroz, através do incentivo à integração no mercado dos produtores de arroz e facilitando o acesso das famílias a serviços financeiros básicos. O programa apoia grupos de poupança comunitária que permitem às famílias de agricultores carenciados ter acesso rápido a mecanismos de poupança ou crédito, seja para pagar propinas escolares ou mão-de-obra para a plantação, seja para poder adiar a venda de colheitas para uma altura em que os preços estejam mais altos. Até ao momento, a AKF já formou mais de 1760 grupos de poupança com mais de 34 280 membros (60% de mulheres).
Ainda que uma maior produtividade de arroz tenha ajudado as comunidades rurais a serem mais autossuficientes em relação à alimentação, a maioria das famílias de agricultores não possui nenhuma atividade geradora de rendimentos durante quase metade do ano, uma vez que a época do arroz vai apenas de Novembro a Abril. Para além disso, a sua alimentação, composta principalmente de arroz, não permite uma nutrição adequada a um bom crescimento e saúde. Para combater estes desafios, desde 2015 que a AKF estendeu o seu programa para incluir novas iniciativas.
Tendo começado inicialmente na região noroeste de Sofia, as atividades da AKF alargaram-se mais recentemente às regiões de Diana, Sava, Itasy e Analamanga. Por exemplo, a norte de Sofia, em Diana, a AKF tem vindo a apoiar os produtores de cacau para que melhorem a qualidade das suas plantações e consigam ter acesso aos mercados. A AKF apoia atualmente 5500 agricultores em Diana e pretende chegar às dezenas de milhares nos próximos cinco anos. Para além do cacau, estão a ser introduzidas outras culturas rentáveis, como a artemísia (usada em medicamentos contra a malária), de forma a aumentar os rendimentos dos agricultores. A nutrição também se tem vindo a tornar um tema importante, o que já levou à introdução da batata-doce e das chamadas “florestas comestíveis” (com bananeiras, jaqueiras e árvores-do-pão), que não apenas adicionam frutas e legumes nutritivos à base de arroz, como também melhoram a diversidade das colheitas e a qualidade do solo. Os esforços de melhorias a nível ambiental são complementados pela introdução de técnicas de agricultura de conservação destinadas a proteger o capital natural e a mitigar alguns dos efeitos de um clima em mudança, com verões mais quentes e invernos mais húmidos.
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